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Peça de cerâmica de 2 mil anos revela pagamento de impostos astronômicos no Egito Antigo

Por History Channel Brasil em 25 de Maio de 2019 às 20:01 HS
Peça de cerâmica de 2 mil anos revela pagamento de impostos astronômicos no Egito Antigo-0

A descoberta de uma peça de cerâmica com inscrições, datada de 2 mil anos atrás, permite afirmar que o conceito de imposto sobre a transferência de terras era uma prática comum no Egito Antigo. Segundo Brice C. Jones, doutorando da Universidade de Concórdia, em Montreal, no Canadá, a antiga peça de cerâmica é equivalente a um recibo atual de pagamento de impostos, embora inclua uma quantia exorbitante se comparada com a que deve dar qualquer contribuinte moderno: mais de 100 kg em moedas.

O recibo, em cerâmica, diz que uma pessoa, cujo none está ilegível, e seus amigos pagaram um imposto de trasferência de terra no valor de 75 "Talentos" (unidade monetária), com mais uma taxa de 15 Talentos.  Ou seja, 90 "Talentos" de imposto.  O que seria "uma quantia incrivelmente grande de dinheiro",  de acordo com Brice Jones. E acrescentou "Esses egípcios provavelmente eram muito ricos".

O recibo tem uma data correspondente a 22 de julho de 98 a.C. O papel-moeda não existia naquela época, e nenhuma moeda valia nem perto de um Talento, disseram os pesquisadores. Em vez disso, as pessoas faziam a soma usando moedas que valiam quantidades variadas de Dracma.

Um talento equivalia a 6.000 Dracmas, então 90 talentos totalizaram 540.000 Dracmas. Um trabalhador comum naquela época ganhava cerca de 18.000 Dracmas por ano. Em 98 a.C., a moeda de maior valor provavelmente valeu apenas 40 Dracmas, o que contribuiu para uma carga tributária verdadeiramente revolucionária, de acordo com os pesquisadores.

Eram necessárias 150 moedas de Dracma para formar 1 Talento, e 13.500 para 90 Talentos. As moedas em questão pesavam, em média, 8 gramas, então o pagamento total de 90 Talentos provavelmente tinha um peso superior a 100 kg.

Segundo os pesquisadores, o que provavelmente aconteceu é que um ou mais "fazendeiros de impostos" (pessoas encarregadas de coletar certos tipos de impostos) receberam 90 Talentos de moedas das pessoas que pagaram por esse imposto. Esses fazendeiros de impostos, então, teriam de levar fisicamente o dinheiro para o banco. Os Ptolomeus (a dinastia dominante no Egito na época) exigiam que os fazendeiros fiscais absorvessem o custo de transporte e manuseio. Nos casos em que os fazendeiros de impostos precisavam trazer uma grande carga, eles eram embalados em cestas e levados por burros.

A sobretaxa de 15 Talentos, que foi adicionada à conta de imposto de 75 Talentos, indica que as pessoas que pagaram este imposto sobre a transferência de terras foram penalizadas por não pagar parte da conta em prata - uma acusação que foi chamada de "allage".  "Essa foi uma taxa de câmbio imposta à moeda de bronze quando foi usada para pagar uma obrigação que legalmente deveria ter sido paga em prata", disse a cientista Catherine Lober. "Esse sistema foi mantido mesmo em períodos em que a moeda de prata estava escassamente disponível".

Naquela época, após as conquistas do Egito, Alexandre Magno estabeleceu as bases de um sistema tributário completamente desenvolvido pela dinastia ptolemaica, que comandava o Egito no período helenístico. Atualmente, junto com textos antigos e medievais, a peça de cerâmica está exposta na Biblioteca e Arquivos da Universidade McGill, em Montreal, sem que se saiba, ainda, o local seu achado, nem como foi parar no Canadá.

 

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Fonte: The Cairo Post 

Imagem: Courtesy of McGill Library