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18 / Julho / 1918
05 / Dezembro / 2013

Nelson Mandela

Por History Channel Brasil em 06 de Maio de 2015 às 19:42 HS
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Nelson Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, em Transkei, África do Sul. Tendo se envolvido ativamente no movimento antiapartheid na década de 20, Mandela entrou para o Congresso Nacional Africano em 1942. Por 20 anos, ele dirigiu uma campanha pacífica, sem violência contra o governo sul-africano e suas políticas racistas. Em 1993, Mandela e o presidente sul-africano F.W. de Klerk receberam o Prêmio Nobel por seus esforços para desfazer o sistema de apartheid. Em 1994, Mandela foi o primeiro presidente sul-africano negro. Em 2009, no aniversário de Mandela, foi declarado o “Dia Internacional Nelson Mandela”, para promover a paz global e celebrar o legado do líder sul-americano. Mandela morreu em sua casa em Joanesburgo, em 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos.

 

Primeiros anos

Nelson Mandela nasceu Rolihlahla Mandela, em 18 de julho de 1918, na pequena vila de Mvezo, África do Sul. "Rolihlahla", na língua xhosa, quer dizer “encrenqueiro”.
O pai de Mandela foi conselheiro dos chefes tribais por muitos anos, mas perdeu o título e a fortuna em uma disputa com o magistrado colonial. Mandela era uma criança na época e a perda de status do pai forçou a mãe a se mudar com a família para Qunu, uma vila ainda menor. A família vivia em cabanas e se alimentava de uma plantação local de milho, sorgo, abóbora e feijão. A água vinha de nascentes e córregos.

Por sugestão de um amigo de seu pai, Mandela foi batizado na Igreja Metodista e foi o primeiro da família a frequentar a escola. Como era costume da educação britânica na África do Sul, o nome de Mandela foi mudado para Nelson. Quando Mandela tinha nove anos, seu pai morreu e ele foi adotado pelo Chefe Jongintaba Dalindyebo, líder do povo Thembu, mudando-se para sua residência real em Mqhekezweni.

Mandela recebeu o mesmo status e as mesmas responsabilidades que os outros filhos do Chefe, tendo aulas de inglês, xhosa, história e geografia. Nesse período, Mandela desenvolveu um interesse pela história africana, por causa dos chefes mais velhos que visitavam o palácio. Eles ensinaram a Mandela que as pessoas viviam em uma paz relativa até a chegada do homem branco.

Quando Mandela tinha 16 anos, foi submetido ao ritual tradicional africano de circuncisão, marcando a sua entrada na vida adulta. Durante o procedimento, Chef Meligqili, o principal palestrante da cerimônia, explicava tristemente aos meninos como eles eram escravizados em seu próprio país, tendo a terra controlada por homens brancos. Mais tarde, Mandela diria que aquelas palavras foram cruciais para sua luta pela independência da África do Sul.

Em 1939, Mandela se matriculou na University College of Fort Hare, o único centro residencial de ensino superior para negros na África do Sul na época. No segundo ano de faculdade, Mandela foi eleito para o Conselho Representativo de Estudantes. Durante algum tempo, os estudantes estavam insatisfeitos com a comida e a falta de poder do Conselho. Nessa eleição, os estudantes votaram em boicote, a menos que suas exigências fossem atendidas. Alinhado com a maioria dos estudantes, Mandela resignou do cargo. Considerado um ato de insubordinação, Mandela foi expulso pelo resto do ano e ganhou um ultimato: só poderia retornar se servisse ao Conselho. Ao voltar para casa, o Chefe estava furioso e o mandou voltar para a escola.

 

A prisão

Algumas semanas após a volta de Mandela para casa, o Regente Jongintaba anunciou um casamento arranjado para seu filho adotado. Chocado com a notícia, Mandela fugiu de casa e foi para Joanesburgo, onde fez vários bicos, enquanto completava os estudos via correspondência. Ele então se matriculou na University of Witwatersrand para estudar direito. Mandela começou a se envolver ativamente no movimento antiapartheid, entrando para o Congresso Nacional em 1942. Lá, ele se juntou à Liga Jovem do Congresso Nacional Africano, que tinha como objetivo unir forças de camponeses e trabalhadores que não tinham voz no atual regime.

Mandela percebeu que as ações da Liga, como greves e desobediência civil eram ineficazes. Durante 20 anos, Mandela dirigiu atos pacíficos contra a política racista sul-africana. Ele fundou a empresa de advocacia Mandela and Tambo, em parceria com Oliver Tambo, e ambos não cobravam para representar negros.

Em 1956, Mandela e outras 150 pessoas foram presas por traição. Enquanto isso, o Congresso Nacional era desafiado por Africanistas, ativistas que achavam o método de Mandela ineficaz. Eles formaram o Congresso Pan-Africano em 1959, e Mandela perdeu muitos militantes.

Em 1961, ele começou a acreditar que a luta armada era o único modo de atingir uma mudança, fundando o Umkhonto we Sizwe, uma vertente do Congresso Nacional dedicada a sabotagens e táticas de guerrilha para acabar com o apartheid. Em 1961, Mandela orquestrou uma greve nacional de três dias. Ele foi preso no ano seguinte e foi sentenciado a cinco anos na cadeia. Em 1963, ele foi a julgamento novamente e sentenciado à prisão perpétua por crimes políticos.

Nelson Mandela foi encarcerado na Robben Island por 18 dos seus 27 anos na prisão. Durante esse tempo, ele contraiu tuberculose e, como um prisioneiro político negro, recebeu o pior tratamento. Porém, ele conseguiu o seu diploma de bacharel em direito de uma universidade por correspondência de Londres. Uma campanha internacional pela libertação de Mandela foi lançada.

Em 1982, Mandela e outros líderes do Congresso foram transferidos para a Pollsmoor Prison, para que não tivessem contato com o governo sul-africano. Em 1985, o presidente P.W. Botha ofereceu a libertação de Mandela em troca da sua renúncia à luta armada, e ele rejeitou a oferta. Sem acordo durante muitos anos, Mandela somente foi libertado em fevereiro de 1990, após Botha sofrer um derrame e ser substituído por Frederik Willem de Klerk. De Klerk também suspendeu as execuções dos membros do Congresso.

 

Libertação e presidência

Após sua libertação, Nelson Mandela uniu forças políticas internacionais para não reduzir a pressão ao governo sul-africano para a reforma constitucional, e declarou que a luta armada continuaria até que a maioria recebesse o direito a votar. Em 1991, ele foi eleito presidente do Congresso Nacional Africano e continuou a negociação com o presidente F.W. de Klerk para a realização das primeiras eleições multirraciais do país.

Em 1993, Mandela e o presidente de Klerk receberam o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho para desmantelar o apartheid. As negociações entre negros e brancos continuaram e, em 27 de abril de 1994, a África do Sul teve sua primeira eleição democrática. Em maio de 1994, aos 77 anos, Mandela foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul. Ainda em 1994, ele escreveu sua autobiografia, “Mandela: Longo Caminho para a Liberdade”.

De 1994 a 1999, Mandela trabalhou na transição do apartheid para um governo de maioria negra. Ele usou a paixão do país pelos esportes para unir brancos e negros, principalmente através do rugby. Em 1995, a África do Sul sediou a Copa do Mundo de Rugby. Mandela também trabalhou para proteger a economia da África do Sul, criando empregos, moradias e promovendo a saúde básica. Em 1996, Mandela assinou uma nova constituição para a nação, garantindo os direitos das minorias e a liberdade de expressão.

 

Aposentadoria e últimos anos de carreira

Na época das eleições gerais de 1999, Nelson Mandela havia se afastado da militância política. Entretanto, ele continuou a se manter ocupado levantando dinheiro para construir escolas e clínicas na área rural da África do Sul por meio de sua fundação, além de servir como mediador na guerra civil do Burundi. Ele também publicou vários livros sobre sua vida de luta. Mandela foi diagnosticado com câncer de próstata em 2001. Em junho de 2004, aos 85 anos, ele anunciou sua aposentadoria da vida pública e voltou para Qunu.

Em 18 de julho de 2007, Mandela reuniu um grupo de líderes mundiais, incluindo Graça Machel (com quem Mandela se casou em 1998), Desmond Tutu, Kofi Annan, Ela Bhatt, Gro Harlem Brundtland, Jimmy Carter, Li Zhaoxing, Mary Robinson e Muhammad Yunus, para discutir algumas das questões mais difíceis do mundo. Visando trabalhar tanto publicamente quanto na esfera privada para encontrar soluções para os problemas ao redor do globo, o grupo foi batizado apropriadamente como The Elders (Os Anciões). O impacto deles atingiu a Ásia, Oriente Médio e África. Suas ações incluíam a promoção da paz e dos direitos iguais das mulheres, exigir o fim de atrocidades, apoiar iniciativas de ajuda a crises humanitárias e promover a democracia.

Além de advogar pela paz e igualdade em escala nacional e global, nos seus anos de maturidade, Mandela permaneceu comprometido na luta contra a Aids – doença que matou seu filho Makgatho em 2005.

 

Últimos anos

Nelson Mandela fez sua última aparição pública na final da Copa do Mundo da África do Sul em 2010. Ele permaneceu longe dos holofotes nos seus últimos anos, escolhendo passar a maior parte do tempo na comunidade de Qunu, no sul de Joanesburgo, onde passou a infância. Entretanto, ele visitou a primeira-dama americana Michelle Obama, mulher do presidente Barack Obama, quando ela esteve na África do Sul em 2011.

Depois de sofrer uma infecção no pulmão em janeiro de 2011, Mandela foi hospitalizado brevemente em Joanesburgo para se submeter a uma cirurgia para combater uma doença no estômago, no começo de 2012. Ele teve alta alguns dias depois e voltou para Qunu. Mandela seria hospitalizado várias vezes nos anos seguintes – em dezembro de 2012, março e junho de 2013 – para realizar exames e tratamentos médicos relacionados com sua recorrente infecção no pulmão. Após sua internação no hospital em junho de 2013, a mulher de Mandela, Graça Machel, cancelou compromissos em Londres para permanecer ao lado do marido. Sua filha, Zenani Dlamini, embaixadora da África do Sul na Argentina, voltou para o país para ficar com o pai. Jacob Zuma, presidente sul-africano, fez um pronunciamento para responder à preocupação da população com a saúde de Mandela, pedindo por orações: “Nós pedimos ao povo da África do Sul e do mundo para rezar pelo nosso amado Madiba e sua família e para mantê-los em seus pensamentos”, disse Zuma.

 

Morte e legado

Em 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos, Nelson Mandela morreu em sua casa em Joanesburgo, na África do Sul. Zuma fez um pronunciamento no mesmo dia, quando falou sobre o legado de Mandela: “Quer estejamos no país ou no mundo, vamos reafirmar nossa visão de uma sociedade na qual ninguém é explorado, oprimido ou expulso de sua terra por outros”, disse. Pelas próximas décadas, Nelson Mandela continuará a ser fonte de inspiração para ativistas dos direitos civis em todo o mundo.

Em 2009, o aniversário de Mandela (18 de julho) foi declarado como o Dia Internacional Nelson Mandela, uma data internacional para promover e celebrar o legado do líder sul-africano. Uma declaração no site do Centro de Memória Nelson Mandela diz: “O Sr. Mandela dedicou 67 anos de sua vida lutando pelos direitos da humanidade. Tudo o que pedia é que todo mundo doasse 67 minutos de seu tempo, seja para fazer caridade ou servir sua comunidade”.

 

Vida pessoal

Mandela foi casado três vezes, primeiro com Evelyn Ntoko Mase (entre 1944 e 1957). O casal teve quatro filhos: Madiba Thembekile, Makgatho (morto em 2005), Makaziwe e Maki. Mandela se casou com Winnie Madikizela em 1958. O casal teve duas filhas, Zenani e Zindziswa, antes de se separar em 1996. Dois anos depois, Mandela se casou com Graça Machel, com quem permaneceu até morrer em 2013.